quarta-feira, 6 de abril de 2011

ENTREVISTA COM GILSON

CARLOS - Gilson, como surgiu o interesse de trabalhar em uma associação?

GILSON - Bom, pra falar da minha entrada para a APAC a gente tem que voltar um pouquinho no tempo. Em meados da década de 80 fui instrutor no CADTS – Centro de Desenvolvimento Técnico e Social de São João de Meriti – e durante esse período nós viabilizávamos encontros com a comunidade rural observando o que poderíamos estar ajudando em termos de implementos agrícolas que não agredissem o solo. Participamos de vários encontros e nos aprofundando tanto que surgiu a necessidade de criarmos um espaço de troca e de incentivo ao conhecimento do trabalhador tanto na questão profissional como na questão de organização política, é aí que surge a APAC.

CARLOS - Porque a APAC se organiza como uma Associação?


GILSON - A escolha se baseia em uma crítica ao capitalismo por perceber que este só pretende explorar ao máximo o trabalhador. A gente percebeu que neste tipo de organização poderíamos valorizar mais o ser humano, sendo mais solidários em nosso trabalho,ao invés simplesmente de querer ganhar mais dinheiro. Uma outra vantagem ainda, no caso específico aqui da APAC é poder servir de espaço onde outros grupos autônomos possam trabalhar.

CARLOS - Como ocorrem as tomadas de decisão?


GILSON - Nós temos uma estrutura de presidência devido a necessidade de reconhecimento legal da associação, mas esta divisão serve apenas para podermos organizar melhor as coisas e não como uma forma rígida de poder.As ações da diretoria estão dentro de uma linha de pensamento definida em estatuto e dialogando sempre através da assembléia, existindo ainda um conselho que diretamente garante a prestação de contas.  

CARLOS - Durante todo este tempo, quais foram as maiores conquistas e as maiores dificuldades da APAC?


GILSON - Uma grande dificuldade seria a renovação de pessoas que discutam o trabalho na associação, novos parceiros que enveredem no mesmo caminho.A APAC conta com algumas pessoas que não fazem parte das discussões da associação, o que aumenta o risco de centralização de idéias. A maior conquista seria sobreviver com os mesmo princípios do início e poder receber grupos autônomos que estejam de acordo com nossa proposta de trabalho.

CARLOS - Obrigado Gilson, o espaço fica aberto ao seu recado final.


GILSON - Bom, como recado final eu queria falar um pouco da minha experiência pessoal de vida.
Nasci na baixada fluminense e como muitos outros fui criado com dificuldade.Percebi que qualquer pessoa, seja aonde for e sob qualquer condição pode fazer algo e crescer, basta só lutar pra isso.A prova disso é este espaço que hoje a gente tem aqui, que jogando sementes conseguimos que elas germinassem e dessem frutos.